2 de março de 2010

Sobre nós e nós mesmos

O planeta Terra é a nossa casa. Nada mais clichê.
Acontece que a cada dia cuidamos menos do nosso lar. E, o planeta, como sistema completamente interligado e vivo - o que dirão os mitos sobre Gaia - reclama de todos os maus tratos.
É bem certo que o homem não tem culpa na ocorrência de terremotos (como o do Chile ou do Haiti), já que esses se relacionam com os movimentos convectivos internos do magma terrestre e do choque entre as placas continentais. Porém, em todo o resto temos culpa. Principalmente nas mudanças climáticas, reflexo direto da exacerbada emissão de gases estufa.
O clima e as estações estão cada vez mais adulterados pelo homem: o verão mais quente no Rio em 50 anos, ciclones na Europa, nevascas impressionantes nos EUA, ciclos de chuva intermináveis que provocam alagamentos em São Paulo (inclua-se aí a questão do descarte incorreto do lixo pelos paulistanos) e deslizamento de encostas em Angra dos Reis. O planeta sinaliza loucamente seu descontentamento com a presença humana - e o impacto que essa vem causando - sobre a crosta terrestre. O planeta sinaliza, mas nada é feito.
A água do mar, em regiões próximas à Austrália já teve um acréscimo de temperatura de 1 ou 2 graus. Parece pouco, mas isso provocou a diminuição de colônias de espécies existentes apenas na região, como o dragão-do-mar, parente próximo do cavalo marinho. Além disso, pescadores brasileiros vêm observando o rendimento diário diminuir com o passar do tempo graças às mudanças climáticas. Como se não bastasse, o iceberg que se descolou da Antártida pode trazer maiores problemas climáticos caso derreta e modifique a concentração salina em áreas de formação de correntes marinhas.
Não só de atrapalhar o clima vive o homem. Ele também sabe destruir a natureza de maneira mais invasiva e direta. Seja através de queimadas e destruição de ecossistemas em prol do crescimento da modernidade, seja através do desejo de alegrar outros seres humanos em shows bizarros nos "Sea World"s da vida. Depois reclamam quando um animal selvagem faz aquilo que ele naturalmente sabe fazer: ser selvagem.
O homem está sempre tentando burlar as leis da natureza, subjulgando-a com invenções e suposições, preferindo vê-la como um obstáculo, não como a extensão do seu próprio corpo.
Novamente volto a dizer: o planeta sinaliza, mas nada é feito. Nem quando diversos líderes de Estado reúnem-se para achar uma saída, ela é encontrada. Ocorre que a saída sempre esteve debaixo dos nossos narizes.
Para lidar com a natureza é preciso jogar de acordo com suas regras e entender que tudo é uma rede. Que a mesma força vital que faz uma planta crescer ou uma tartaruga nascer, move a mão que joga um plástico no chão. Ao destruir aquilo que nos cerca e nos dá vida, obviamente nos destruiremos.
Somos todos uma coisa só.
Nós somos o mundo, já dizia Michael Jackson.

Nenhum comentário: